Zine Sertões #4

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Cazuza, um idiota morto: a resposta.


Quem nunca recebeu uma daquelas correntes desinteressantes sem pé ou cabeça? Bom, acredito que nenhuma resposta positiva foi ouvida. (silêncio)
 
Este texto (o segundo de cima para baixo) me foi enviado já há muito tempo, mas como não houve repercussão alguma, nunca me preocupei em respondê-lo. A falta dessa ‘repercussão’, inclusive, prova que o texto não apresenta embasamento ou coerência, e que a própria autora destaca a péssima maneira com que ela mesma cria sua filha, e vou provar ‘como’:

Cazuza: homem mediano, poeta completo.

Cazuza era de classe média, foi uma criança como eu fui, como são todas as crianças. A diferença entre sua vida e a nossa, foram os contatos que ele teve desde menino: Caetano, Vinícius de Moraes, João Gilberto... mais inúmeros ícones da Bossa Nova e ÁS de uma época tropicalista, de lutas e desafios com intuito de construir um país livre. Poetas, literatos, músicos e pensadores responsáveis pelo que temos de melhor no emaranhado de produções culturais brasileiras. Nomes que mostraram o melhor do Brasil ao Mundo. Cazuza teve a sorte de viver entre os mais dos mais e, talvez não por mérito próprio, mas exatamente pelo ambiente em que cresceu, tenha sido o grande poeta que foi.
Esse cidadão dizia “meu heróis morreram de overdose”, mas não disse que eram seus heróis porque morreram de overdose. Na mesma canção que diz isso, Cazuza evoca: “Meu partido é um coração partido, e as ilusões estão todas perdidas. Os meus sonhos foram todos vendidos tão barato que eu nem acredito” e “Ideologia, eu quero uma pra viver”. Ele não enaltece a overdose, mas afirma que há algo de errado. Um mundo sem ideologia é um mundo sem sonhos, sem razão para viver. “Meu sex and drugs não tem nenhum rock 'n' roll”, não completa, não anima a alma, não dá razão à vida.
Não me lembro de nenhum show em que Cazuza tenha jogado a bandeira do Brasil no chão (isso fazem nossos deputados e senadores o tempo inteiro, e nem por isso recebo textos tão depreciativos acerca deles). Procurei também na internet, nunca houve este episódio. A única cena em que me lembro de ter visto Cazuza com a bandeira do Brasil foi numa imagem de 1985, quando ele abraçou o pano verde e amarelo finalizando o show no Rock in Rio com as palavras: "Que o Brasil nasça lindo para todo mundo amanhã, um Brasil novo, com uma rapaziada esperta".
Altos, baixos e médios “fizeram parte do show” de Cazuza. Isso, porque apesar de artista idolatrado e aplaudido, Agenor de Miranda Araújo Neto era homem, errou, teve vícios, escolheu caminhos difíceis e, como muitos em sua época, não viveu para dizer que houve arrependimento e que “crianças, não façam o que fiz”.
Se Cazuza foi ou não um marginal, não diz respeito ao que ele foi como poeta. Se Cazuza foi ou não drogado, não muda o que foi como precursor de uma juventude à procura de ideais. Se Cazuza foi ou não “mimado”, “filhinho de papai”, ou que nunca tenha precisado trabalhar... bom, estamos falando do ídolo, não da pessoa. A criação de um filho quem sabe como dar são os pais.
Foi pela educação que tive dos meus pais, inclusive, que pude assistir ao filme de Cazuza quando tinha dezesseis anos (em 2004) e não dei as costas ao cinema com a idéia de que seria famosa usando drogas e “participando de bacanais”. Talvez a má educação dada pelos pais seja ainda maior em relação aos adolescentes que assistiram ao filme e não tiveram o mínimo de visão crítica quanto ao triste fim do Cazuza-homem: que se drogou, exacerbou-se no sexo sem se preocupar com a preservação da própria vida, brigou milhares de vezes com os pais, tinha enormes defeitos, contraiu uma doença venérea rara (na época) e, ainda sem responsabilidade, morreu passando os últimos dias com um cigarro entre os lábios.
Quão transviada é essa nossa juventude que não lhes é claro o suficiente os malefícios de uma vida vivida como a de Cazuza e mostrada no filme?
Quão deturpada é a visão de uma psicóloga (ou de qualquer pessoa que perca tempo acusando um filme, um poeta, uma vida... pelos motivos errados) que não conseguiu enxergar o ídolo por trás do homem? O poeta escondido no garoto sem pudores? O êxtase de se entender as entrelinhas de uma letra aparentemente simples, de olhar para trás e pensar: “não há mais ídolos como havia antigamente, não há poetas mais com quem podemos concordar”, de entender que bens e males é que constituem uma vida, e que o show de Cazuza foi muito além da vida cheia de arruaças: foi a poesia, e a forma como aprendemos, através dela, que é preciso viver “porque o tempo não pára”.

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Montes Claros, 03 de dezembro de 2009

resposta por: Emanuela Almeida Pereira
emanuelaap@yahoo.com.br / almeida.manuh@hotmail.com
Graduada em Jornalismo - Norte Mineira de Espinosa/Montes Claros -- Fascinada pelas letras e demais escritos do poeta Cazuza


Resposta à:

Cazuza, um idiota morto.
GENTE!
PARABÉNS PARA QUEM ESCREVEU ISTO COM MUITA CORAGEM. LEIAM, É IMPORTANE DIVULGAR.

Esse cidadão dizia "todos os meus heróis morreram de overdose". E era aplaudido.
Vcs se lembram quando o Cazuza, durante um show, jogou a bandeira do Brasil no chão e a pisoteou?
A UEB e outras entidades repudiaram o ato, em ofícios diretamente a ele e aos meios de divulgação.
Ele ainda dizia que “faz parte do meu show”...

É ... DEVIAM COLOCAR o texto abaixo NUM OUTDOOR LÁ NA PRAÇA CAZUZA, NO LEBLON....
Psicóloga x Cazuza!

Esta mensagem precisa ser retransmitida para todas as FAMÍLIAS!
Uma psicóloga que escreveu, corajosamente algumas verdades.
Uma psicóloga que assistiu ao filme escreveu o seguinte texto:

'Fui ver o filme Cazuza há alguns dias e me deparei com uma coisa estarrecedora.. As pessoas estão cultivando ídolos errados..
Como podemos cultivar um ídolo como Cazuza?
Concordo que suas letras são muito tocantes, mas reverenciar um marginal como ele, é, no mínimo, inadmissível.
Marginal, sim, pois Cazuza foi uma pessoa que viveu à margem da sociedade, pelo menos uma sociedade que tentamos construir (ao menos eu) com conceitos de certo e errado.
No filme, vi um rapaz mimado, filhinho de papai que nunca precisou trabalhar para conseguir nada, já tinha tudo nas mãos. A mãe vivia para satisfazer as suas vontades e loucuras. O pai preferiu se afastar das suas responsabilidades e deixou a vida correr solta.
São esses pais que devemos ter como exemplo?
Cazuza só começou a gravar porque o pai era diretor de uma grande gravadora..
Existem vários talentos que não são revelados por falta de oportunidade ou por não terem algum conhecido importante.
Cazuza era um traficante, como sua mãe revela no livro, admitiu que ele trouxe drogas da Inglaterra, um verdadeiro criminoso. Concordo com o juiz Siro Darlan quando ele diz que a única diferença entre Cazuza e Fernandinho Beira-Mar é que um nasceu na zona sul e outro não.
Fiquei horrorizada com o culto que fizeram a esse rapaz, principalmente por minha filha adolescente ter visto o filme. Precisei conversar muito para que ela não começasse a pensar que usar drogas, participar de bacanais, beber até cair e outras coisas, fossem certas, já que foi isso que o filme mostrou.
Por que não são feitos filmes de pessoas realmente importantes que tenham algo de bom para essa juventude já tão transviada? Será que ser correto não dá Ibope, não rende bilheteria?
Como ensina o comercial da Fiat, precisamos rever nossos conceitos, só assim teremos um mundo melhor.
Devo lembrar aos pais que a morte de Cazuza foi consequência da educação errônea a que foi submetido. Será que Cazuza teria morrido do mesmo jeito se tivesse tido pais que dissessem NÃO quando necessário?

Lembrem-se, dizer NÃO é a prova mais difícil de amor .

Não deixem seus filhos à revelia para que não precisem se arrepender mais tarde. A principal função dos pais é educar.. Não se preocupem em ser 'amigo' de seus filhos.

Eduque-os e mais tarde eles verão que você foi à pessoa que mais os amou e foi, é, e sempre será, o seu melhor amigo, pois amigo não diz SIM sempre.'

Karla Christine
Psicóloga Clínica


P.S.: Todas as palavras e expressões recebidas pelo e-mail foram mantidas, inclusive os erros de concordância, gramática e compreensão.

5 comentários:

Caroll . disse...

e eu que pensei que este texto iria causar...

João Paulo Dourado disse...

voltando com tudo hein manuh!!!...

hahahha...

taí um excelente tema pra uma boa e animada conversa de bar... mas em exageros hein ?! ;)

Anônimo disse...

Errar é humano, mas encorajar o erro e dizer que "Não quero servir de exemplo pra ninguém" é coisa de idiota. Cazuza era um drogado, homsexual que morreu de AIDS. Tenho muita pena dele e dos que seguem seu caminho. Mas a verdade é a verdade. Porque ele morreu a verdade não se torna relativa e a psicóloga foi muito corajosa em colocar a mão nessa colméia do "politically correct"!

Anônimo disse...

É tão ridículo pensar que vamos deixar de admirar o gênio de um poeta e espírito tão livre... pessoa sincera e honesta consigo mesmo e com o mundo, de bom caráter e educação.
Quem serão nossos ídolos, os desonestos da política, do sistema judiciário, os cachaceiros (alcool também é droga, sabia?)corruptos dissimulados que tomam decisões por nós? Boa idéia.
Enquanto isso deitemos ao lixo nossos antigos ídolos, idiotas drogados como Elis Regina, Michael Jackson, Marylin Monroe, Carmem Miranda, Kurt Cobain, Cássia Eller, Judy Garland, Janis Joplin, Jimi Hendrix, Jim Morrison, Billie Holiday, Raul Seixas, Tim Maia, Elvis Presley, querem mais?
Afinal de contas, quem é essa "psicóloga" com nome de travesti, intolerante e sem compreensão ou compaixão pelo próximo, que vem jogar pedras num ícone que morreu há mais de 20 anos? idiota é ela que não sabe o que diz.

Anônimo disse...

Otima defesa...explica isso para a nova juventude que não passou pelo periodo historico do Cazuza e não entende sua letras, pegando como referencia apenas seu comportamento...