“Um dia todos terão direito a 15 minutos de fama”, falou Andy.
Durante os últimos meses de 2001, quando lançaram o álbum “A melhor banda de todos os tempos da última semana”, os Titãs não tinham uma idéia mais geral do que o título do novo disco representaria nove anos depois. Hoje, com uma profunda certeza da verdade contida na famigerada frase de Andy Wahrol, a nossa geração vive (e sobrevive) com base em desejosos 15 minutos de fama. Lá pelos anos oitenta, Wahrol estava muito à frente em relação à maioria adepta dos walkmans, seus trabalhos se destacavam mundialmente pela forma como anunciava o boom da cultura de massa através das artes plásticas... Mas daí a nos aparecer com uma célebre, digna de Nostradamus: faz-se uma reverência.
A grande questão, no entanto, é que Wahrol não viveu para crer no que ele mesmo profetizou, e nós que estamos por aqui, somos testemunhas dos crimes cometidos pela nossa vã necessidade de fama. Uma garotinha da qual só me lembro o nome quando digito “Tchubaruba” no meu Google; uma Lady que nada tem de Madonna além da cor dos cabelos, e meia dúzia de britânicos que em uma semana de fama já estavam “desbancando” os Strokes.
Eu posso ser taxada de antiquada, e posso mesmo ser “desentendida” do assunto; mas faço parte de uma das gerações mais apáticas da história da humanidade, desde o jovem neandertal que criou a primeira lança de pedra lascada, e por isso me sinto no direito (e dever) de deixar minha sutil opinião: não é que nos faltam Artistas (com A maiúsculo) como tínhamos na época em que nossos Chicos botaram a boca no microfone (César, Science, Buarque de Holanda...), é que não temos gosto e visão crítica como tinham nossos “ancestrais”.
Há o que é bom, e que temos acesso pela rede. E há o que é podre, e a indústria bota dentro porque a rede indicou. Movimentos existem para o bem ou para o mal: em relação à arte, a internet está mais para Macunaíma que para príncipe encantado. Nesta nossa época, já tem gente dizendo que todo mundo será famoso para quinze pessoas. Não é de todo ruim, considero. Eu não sei se teria acesso às pérolas do Vanguart, ou se escutaria Porcas Borboletas todo dia no buzão se não tivesse banda larga. Agora, não vale continuar aniquilando as papas da língua por uma ou outra bandinha que subiu ao palco porque teve alguns milhares de cliques no myspace... Ou esquecer aqueles ídolos que ainda eram os mesmos na época de Regina, e com os quais fizemos o favor de não mais nos importar.
Manuh Almeida é Jornalista, editora do Zine Sertões, adepta da internet e prefere mil cliques o Trama Virtual ao Myspace.
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