Zine Sertões #4

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

FESTIVAIS DE SUSTENTABILIDADE



Nayara Souza, do Coletivo Fósforo Cultural, dá dicas para um Rock sustentável!

A idéia já é comum em alguns festivais de Goiânia, produzidos pelo Fósforo Cultural. Agora, é tentar seguir alguns exemplos e aplicar por aqui.

Nayara Souza tem 21 anos e é estudante de Ciências Biológicas na capital goiana. Se o curso universitário já não era o bastante para aproximá-la da natureza, Naya, como é carinhosamente chamada por amigos, deu um jeitinho de tornar esse cuidado com o meio ambiente mais popular. E põe popular nisso. Integrante do coletivo Fósforo Cultural, ela leva conceitos do desenvolvimento sustentável para eventos que reúnem bandas independentes. O público que vai aos shows tem que jogar o lixo na lixeira certa, esquecer os copos descartáveis e ainda se ligar que aquelas ações são parte de um plano muito maior: “Eu acho que a conscientização é o primeiro passo a ser dado rumo à sustentabilidade”. Falou e disse.



EcoD - Desde quando começou a sua relação com a natureza?



Nayara - Ah, desde a infância me relaciono com a natureza. Eu sempre ia para os sítios da minha avó e durante as férias minha família viajava para o rio Araguaia e Tocantins. Minha mãe é professora da educação infantil, o que me proporcionou um contato mais intenso com materiais didáticos da área de ciências. Eu me lembro que a gente tinha um livro com sugestões de experimentos e observações à natureza... Eu fazia todas elas no quintal de casa. Aí eu brincava de coletar insetos e observava com uma lupa.



Você é estudante de Ciências Biológicas. Foi este contato com a natureza que fez surgir a vontade de seguir este curso acadêmico?



Mais ou menos. Na verdade eu acho que foi a própria vida que me levou pra esse caminho. A partir dos meus 8 ou 9 anos de idade decidi que queria estudar Medicina. Na época do vestibular tentei duas vezes e não passei. Comecei a trabalhar e quando prestei pela terceira vez optei por Biologia, porque era o único curso da área no horário que eu tinha disponível. Por um acaso do destino, me encontrei no meu curso. Vejo que foi a melhor escolha, não trocaria meu curso por nenhum outro. A abrangência é o que mais me motiva a continuar nele: Posso desenvolver projetos em qualquer área, desde a saúde até a sustentabilidade. Dessa forma posso estudar e entender melhor qual pode ser o futuro do nosso planeta e como posso ajudá-lo; desenvolver projetos de cunho social e levar para a comunidade ações sustentáveis, por exemplo.



Um desses projetos te aproximaram da Fósforo Cultural...



Pois é, foi com um projeto de reunir bandas goianienses que fui convidada pela Fósforo para participar do coletivo. Fósforo Cultural é um grupo que desenvolve ações culturais, predominantemente, dentro do cenário musical independente de nossa cidade, Goiânia. Depois de assistir a um show, produzido pelo coletivo eu e uma amiga, decidimos montar o nosso próprio festival: O “Pequi com Quiabo”. Durante a produção desse evento, meu contato com a Fósforo foi ainda maior. Hoje o coletivo é formado por doze pessoas.



E você é a responsável pela parte de sustentabilidade do coletivo. Quais ações podem tornar um evento mais sustentável?



Eu fiquei encarregada por esta parte nos eventos, o que é ótimo, porque são várias as ações sustentáveis que a gente pode fazer. Por exemplo: Acho que a venda de materiais recicláveis, como latas e papel, seja a ação mais sustentável para eventos como os nossos. Além disso, desenvolvemos a coleta seletiva nos dias dos shows, temos a ideia de produzir ingressos retornáveis (uma espécie de cartão reutilizável, o que diminui custos com a gráfica), reaproveitar ingressos de eventos anteriores em eventos menores. Em um dos eventos rolou a ideia de fazer o plantio de mudas cedidas pela COMURG (Companhia de Urbanização de Goiânia) que viabilizou o lançamento ecológico do festival doando 200 mudas nativas do cerrado e ainda ofereceu uma das áreas de recuperação do aterro sanitário de Goiânia para o plantio delas.



O legal é que diminui os custos e ainda ajuda o planeta...



Pois é! O objetivo nem sempre é diminuir custos, claro que isso é importante, mas as nossas ações se preocupam muito mais com o impacto ambiental do que com o custo delas. Por exemplo, é muito mais barato pra nós a compra dos copos descartáveis pra galera tomar os drinks. Mas as canecas diminuem muito mais o impacto que isso gera. Queremos diminuir a quantidade de lixo que produzimos, então pretendemos também parar com a produção de filipetas. Já trabalhamos a divulgação de eventos menores, que são mais constantes, com os e-flyers em sites de relacionamento. A tendência é que a divulgação nas ruas seja feita com cartazes, já que um cartaz pode ser visto por várias pessoas e não vão parar em bueiros como os panfletos. O foco das ações do núcleo de sustentabilidade não é só os festivais. Por enquanto nos restringimos a eles porque o projeto é novo, mas a nossa intenção é que o coletivo se torne cada vez mais sustentável. E levar essas informações para a população através de oficinas, palestras e ações com escolas.



Dentro de casa, você vive de uma forma ambientalmente correta?



Bom, em alguns aspectos sim. Confesso que comecei com a onda do ambientalmente correto há pouco tempo, mas acho que a minha cidade ajuda para a mudança de certos hábitos, sabe? Por exemplo, temos aqui uma campanha que incentiva a coleta seletiva do lixo separando o lixo “seco” do “molhado”, e uma vez por semana passa um caminhão recolhendo esse lixo. Outra coisa que já utilizamos são as lâmpadas que consomem menos energia, procuramos sempre economizar o máximo de energia e água. Nas férias pretendo começar a fazer a compostagem do lixo orgânico e utilizar o adubo produzido no jardim; quero também fazer uma hortinha orgânica com hortaliças e temperos. Levo sempre comigo uma caneca que ganhei em um congresso e a utilizo no lugar dos famosos copinhos descartáveis. Acho que essas ações são muito importantes se a gente quer tornar o mundo melhor.



Fonte: site EcoD

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