Zine Sertões #4

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

CAMPANHA PELO DIREITO À VIDA!

'BREJO DOS CRIOULOS planta!'



A Comunidade Quilombola de Brejo dos Crioulos aos poucos retoma suas antigas áreas de produção, onde viviam seus ancestrais. Desde agosto de 2009, cinqüenta e cinco famílias se dedicam à roçada de uma área de pastagem abandonada, com cerca de 100 hectares, na Fazenda Caxambu. O plano é o plantio de roças de milho, feijão, arroz, cana e mandioca. A esperança está estampada no rosto de jovens, adultos, mulheres e anciões. Em meio à rezas, cantorias e batuques eles se organizam em grupos de trabalho.



Gilson, quilombola que coordena um dos grupos, mostra um antigo cemitério onde foram enterrados os avós, bisavós e um irmão gêmeo. Árvores frondosas, como Aroeira e Pau Preto, circundam o terreno. Tio Nêgo e Dona Plunara, um casal de anciãos com mais de 80 anos, são exemplo da resistência quilombola. Nunca saíram do pequeno oásis no meio do sertão ressequido, onde moram. Mesmo sem água, sem energia elétrica, continuam plantando, agora mais alegres com a companhia de seus parentes que re-ocuparam a terra.



Estamos pedindo apoio para que o Quilombo Brejo dos Crioulos possa cultivar seus 100 hectares de terrenos que foram re-ocupados e para outras iniciativas produtivas envolvendo as 500 famílias que aí vivem. Para tanto, pedimos que deposite uma doação (no valor que for possível) na conta da Associação Quilombola Brejo dos Crioulos.



Banco do Brasil
Agência: 2767 - 7
Conta Corrente: 11.102 - 3
Envie um e-mail confirmando o depósito para

Mensalmente a Associação emitirá um extrato com os valores que foram angariados e a sua destinação em projetos comunitários. Os recursos, bem como outras informações serão publicados no blog oficial:






HISTÓRIA DE BREJO



A comunidade de Brejo dos Crioulos, localizada na divisa dos municípios de São João da Ponte, Varzelândia e Verdelândia é um dos mais antigos quilombos do Brasil. A partir dos anos 1960 foi dividida em 06 grupos locais - Arapuim, Araruba, Cabaceiros, Caxambu, Conrado e Furado Seco -, devido ao processo de expropriação do território tradicional por meio da venda forçada por setores das classes médias urbanas objetivando afazendar-se. Possui uma população superior a 2.000 pessoas articuladas em 500 famílias. O quilombo encontra-se sob grave risco social e de violação do direito humano a saúde, educação, a alimentação e ao território. Para garantir a reprodução famíliar e de seu grupo, os membros da comunidade ofertam sua mão-de-obra no mercado agropecuário brasileiro, dedicando-se, sazonalmente, à colheita de café no Triângulo Mineiro. Hoje já reconhecidos como comunidade Quilombola, perseverantes ainda nesse processo de luta pela conquista do território, encontram-se em processo de negociação com o INCRA. Já ocuparam por 10 vezes fazendas dentro do território quilombola, sendo sempre despejados sem nenhuma atitude prática acerca da situação. Os fazendeiros se armam, a revelia da lei e amedrontando a comunidade. Tal violência trás para as cercanias do lugar os riscos de uma profunda desagregação social e cultural dessas comunidades, lhes roubando o único patrimônio e fator de coesão social que lhes restaram: os laços de parentescos e reciprocidades sociais conduzidos pelas celebrações, ritos e festividades embaladas pelos tambores – agora silenciados pelo medo das armas.
Mesmo assim resistem... e agora, plantam!

Esta Campanha objetiva arrecadar fundos para que os quilombolas de Brejo dos Crioulos, Norte de Minas, consigam adquirir os instrumentos necessários para plantar os 100 hectares de terras retomadas. Qualquer valor, por menor que seja, é bem vindo.

Se você tem um site ou blog, publique estas informações. Ajude a difundir esta idéia.





Fotos: Manuh Almeida

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